Para quem não sabe, a língua falada em Shanghai é o Shanghainese.
Não, não é o mandarim.
E a diferença entre o mandarim e o shanghainese é um bocado mais do que sotaque. Muito mais. Apesar dos caracteres serem os mesmos (era só o que faltava, com 56.000 caracteres irem inventar novos...), as palavras são completamente diferentes.
Portanto vamos na rua e o que ouvimos é uma algarviada que não se percebe nada. A nossa professora, a Claire, diz que obviamente em casa e com os amigos fala shanghainese. Obviamente (já a Yuyu, porque os pais não são de Shanghai, fala mandarim - mas shanghainese com os amigos).
Aquela história de "ah e tal estás lá a ouvi-los falar o dia todo portanto devias falar fluentemente, só não falas porque és um calão", é parcialmente mentira. A primeira parte, a segunda é verdade.
Ainda assim ontem tive um pequeno momento de felicidade. Às vezes acontece. Mas não se preocupem que passou depressa.
Estava a ver o 24, Season 4, quando eis senão quando a China é metida ao barulho. Consul, consulado, refugiados, e toca de falar em mandarim.
Acreditem que lacrimejei quando comecei a perceber parte da conversa...
Ainda há esperança!
Não é a primeira vez que acontece. Pedimos uma coisa e, não havendo, trazem outra que não tem nada a ver.
São camisolas XXL quando pedimos o L, são relógios brancos quando pedimos pretos, etc...
Desta vez ficou registado em foto.
O Chico, que calça o 45 e não consegue arranjar ténis de maneira nenhuma, pediu os de cima em 45. Trouxeram os de baixo em 43.
Semelhanças?
Um dos (vários) benefícios de andar à procura de casa é olhar para os Classificados dos jornais.
Ao almoço este chamou-se a atenção:
"Two American ladies seek a roommate for their spacious flat in Pudong. (...) The apartment is shared with a sweet and eccentric 4 year old doberman."
Eu não sei o que me assusta mais, se são as "two american ladies" se é o "sweet and eccentric doberman".
Continuando na senda das boas notícias, temos menos de um mês para arranjar casa.
Muito resumidamente, há uns 2 meses e meio, a nossa senhoria tinha-nos pedido para deixarmos "uns amigos" ir ver a casa, porque estava muito bem decorada e para tirarem ideias, ... E nós tudo bem.
Passada uma semana, outros amigos. Aí já lhe dissémos:
NÓS: "O que tu queres sabemos nós. Tu queres bender a casa minha malandra..."
ELA: "Ah e tal, pois quero."
NÓS: "Ó filha, mas isso, parecendo que não, causa-nos transtorno."
ELA: "Ah e tal, não se preocupem porque até ao final do vosso contrato não deve haver problema. Só depois é que se mudariam." (ela começa sempre as frases por ah e tal)
NÓS: "Uhm..."
E continuámos a deixar gente ver a casa. Devem ter sido uns 4 ou 5 grupos no total.
Chega esta 3ª feira, ela liga ao Rui.
ELA: "Ah e tal, bendi a casa. E, temos pena, mas bocês têm de sair." (ela também diz os bês em bez dos bês)
RUI: "Oube lá, mas isso é quando?"
ELA: "Debe ser um mês."
RUI: "Tás consciente que bais ter de nos dar bom dinheiro?"
ELA: "É."
Ora sucede que o contrato estipula que qualquer das partes pode quebrar o contrato, a troco de dois meses de renda. Ah e tal, o mercado do arrendamento é flexível sim senhor, para o bem e para o mal.
Claro que nós, além dos dois meses e da devolução dos outros dois meses da caução, queremos espremê-la até ao último bimby. Comissão do agente, internet que foi paga para o ano todo, danos psicológicos de perder uma casa brutal, numa localização fabulástica, com court de ténis (inaugurado no Domingo passado num triangular, por Alves, Bueno e Chico), piscina, etc...
Agora, a novela toda de arranjar casa outra vez. Evidentemente que para pior não vamos, nem que tenhamos que gastar o dinheiro todo da indemnização. Empacotar tudo...
Já demos o toque ao Feng.
Updates as stuff happens.
Eu enviei este mail:
"Please find attached summary of today's meeting on project "Begonia"...
Thanks,Joao Alves"
E recebo esta resposta:
"Dear Joao,
Thank you very much for the info.
you are a good president.
Regards!
Kamel"
Acreditem no que vos digo. Um povo muito estranho.
PS: Sim, o facto de estar à frente do project "Begonia" (reparem que no mail até ponho aspas para ressalvar o ridículo da situação) não abona nada a meu favor, mas quando se está numa empresa de gajas e elas decidem que durante o ano os projectos vão ter nomes de flores, há pouco que eu possa fazer. Há uma música dos Sublime chamada Scarlet Begonias, mas não é grande consolo. Podia ser pior - em paralelo decorre o project Lily (o que me faz lembrar outra coisa...).
Por mim tinham nomes de cervejas - este seria o project "Budweiser", ou, para dar sorte "Bud Light".
O Kamel é amigo do Jimmy.
O Kamel é casado.
O Kamel esteve 2 anos em Karachi. Juro.
O Kamel entrou nisto das finanças por causa da Bolsa (surpresa...).
O Kamel tem uma mulher que lhe ensinou a ler relatórios & contas.
O Kamel não deve ter achado suficiente porque foi fazer um MBA na Cheung Kong.
O Kamel, 5 minutos depois de me conhecer, não hesitou em mandar a posta de pescada - "the best way to learn Chinese is to have a Chinese girlfriend!".
Eu devo ter qualquer coisa que deixa as pessoas à vontade para dizer coisas estúpidas logo à partida.
PS: o Kamel ainda não arrotou. E esteve no escritório mais de uma hora na sexta-feira...
Depois de muita discussão sobre o tema, debrucei-me (sem cair) sobre a verdadeira dimensão da população de Shanghai.
E a que conclusão cheguei?
Ninguém sabe.
Aqui estão 10 números (entre parêntesis a posição ocupada no ranking mundial):
Eu bem sei que os anos de referência podem ser diferentes e que uma coisa é cidade outra é zona urbana, mas mesmo assim...
Acho que a única maneira é ir porta-a-porta perguntar quantos são. Deixo já o meu contributo:
No 2202, 8, 66, QingDaoLu são 2.
E depois, para baralhar, aparecem estes.
A partir de agora, quando me perguntarem, digo 13.636.217. Alguém que me desminta.
PS: Pede-se desculpa pela linguagem (este senhor expressou todo um sentimento colectivo numa palavra), mas depois de 5 dias de casas de banho chinesas de buraco no chão (ou, em alternativa, vala)...
A chamada viagem relâmpago, ideal para dar cabo de um gajo de vez.
Então vamos lá comparar o progóstico com o resultado final:
1. Apanhar o avião às 21:30 (22:30 com os atrasos) e chegar a Pequim às 00:05 (01:00 com os atrasos).
R: Por incrível que pareça, saiu a horas. Ou seja, cheguei a Pequim eram umas 23:50.
2. Apanhar táxi, não apanhar, toma lá 1h30 no hotel. Onde não vão falar inglês. Lá para as 2h00 hão de aceitar o passaporte.
R: O hotel era no fim do mundo. Ou seja, Pequim é grande, mas isto é ridículo. Foram uns 45minutos de táxi, sem trânsito. No final 170RMB. No hotel, de facto, não falavam inglês, mas a coisa acabou por correr bem e à 1:05 já estava no quarto.
3. Acordar às 08h00 (bom), não comer nada porque o pequeno-almoço vai ser só chinês (estou mesmo a ver) e reunir 30min com o Yang Qing.
R: Toma lá acordar às 05h50m. E às 06h30. E às 07h00. E de vez às 07h45m porque o pequeno almoço acabava às 08h30. Que era só chinês (como previsto). Nem um corn flake, um suminho, uma torrada, nada. Nem pão. Meti uma espécie de pão-de-ló e uns ovos mexidos manhosos no prato. Depois fui à loja do lado comprar uma água...
4. Reunião com os tipos do cimento às 10h. Em chinês.
R: Eu já tive reuniões em chinês, mas esta levou o prémio. Como já tinha escrito as perguntas que queria fazer, o Yang Qing foi perguntando. Mas basicamente a reunião começou com o YQ a falar 15 minutos em chinês (e a dar-me um resumo de 10 segundos) e depois com a "senhor do cimento" a falar 30 min em chinês (com o YQ a dar-me um resumo de 30 segundos). E a partir daí, foi chinês até ao fim. O YQ ficou de me enviar um resumo do que foi dito...
Uma nota para o trânsito de Pequim. Eu nunca vi nada assim. No fim-de-semana em que lá estive já tinha ficado com essa ideia, mas hoje foi ridículo. Todas as ruas têm 3, 4 faixas e mesmo assim não andam. Chegámos atrasados 30m à primeira reunião, que era a uns 2 ou 3 kms. Mais de 40 minutos de táxi.
5. Almoço com o tipo (chinês) que nos arranjou a reunião com os tipos do cimento.
O homem não podia. Almoço com o YQ (depois de mais 35min de táxi), pizzas e tal. Discussão filosófica sobre a azeitona portuguesa e a sua ausência no mercado chinês. Idem para o pastel de nata (o verdadeiro).
6. Reunião com os tipos da logística às 14h30. Em chinês.
E julgava eu que a primeira tinha levado o prémio... Esta estou curioso de receber o resumo. É que não faço a menor ideia de como correu. Mais uma vez fiz as perguntas, mas as respostas...
7. Voo de volta às 19:20 (20:20 com os atrasos). Chegar a Shanghai às 21:30 (22:30 com os atrasos). Casa lá para as 23:15.
Embarcámos a horas. E depois estivémos 1h30m dentro do avião à espera para descolar. às 20h40m a coisa aconteceu. Depois de 30m de um puto no banco da frente a berrar. O avião chegou lá para as 22h30m. O YQ achou que a casa dele ficava em caminho (em Pudong), toca de partilhar táxi. 48 kms, 50minutos e 180 bimbys depois, cheguei a casa.
8. Laris ou Barbarrosa depois? Doubt it...
Laris.
Há dois novos restaurantes em frente ao serviço.
Um é uma tascazita de noddles. Obrigado, mas se calhar não...
O outro é um restaurante de Xinjiang, a tal província no nordeste, que faz fronteira com o Cazaquistão, Rússia, Mongólia, etc...
O nome deste é: "Xinjiang rather goes on an expedition a restaurant".
Só pelo nome merece uma visita.
Hoje tive a honra de conhecer o Magic Cheng, no seu estaminé.
Fiel à sua palavra, o mago tratou-me do visto conforme solicitado - por mais 6 meses, ninguém me chateia.
Custou-me umas 3x o que custaria pelas vias oficiais, caso as vias oficiais não insistissem em me dar apenas um mês...
Parece que em Pequim se andam a receber SMS com o seguinte teor:
"The Civilized Capital Committee reminds you: the 11th of every month is Wait In An Orderly Line Day."
Aplaudindo a iniciativa, só pergunto: e então os outros dias todos do mês?
E antecipo a resposta: é o faroeste do costume...
e o segundo ainda foi melhor que o primeiro
Enquanto o James não chega, temos um Jimmy a fazer uns biscates.
O Jimmy tem um MBA aqui da business school de Shanghai.
O Jimmy gosta de marketing e estratégia.
O Jimmy, 20 minutos depois de começar a trabalhar, mandou um senhor arroto. Nem perdão, nem desculpa, nem mesmo aquele ar comprometido ("ups"...).
São estas "diferenças culturais" que nos enriquecem. E posso-vos dizer que, desde que cheguei, enriqueci bastante.
Alves (e Albes), babe, baby, gaijo, JN, Joãoz..., João Nuno, Johnny, Jonas, miúdo, Nuno, ... , são alguns dos impropérios que me são dirigidos semanalmente por quem quer falar comigo. (Outros, por pudor e porque isto é lido por menores de idade, não coloco).
De vez em quando alguém me trata por João.
Ora é precisamente aí que reside o problema. Mais concretamente no "ão".
É que quando entrego isto...
(sem a parte do sample)
.... inevitavelmente recebo:
1. Uma enorme atrapalhação da outra parte (há quem literalmente coce a cabeça...)
2. Um esforço assinalável para perceber se a coisa por cima do A é uma gralha e para que é que serve
3. E, momentos depois, a incontornável pergunta:
"How do you pronounce your name?"
Ele é chineses, franceses, ingleses, irlandeses, italianos, .... Das primeiras vezes ainda tentava.
Hoje em dia fico-me por Juan (lido com j, não com r). JoÁo também é bom.
Acho que há gente que não fala comigo porque tem medo de não pronunciar bem o nome.
PS: E o grande problema do cartão, é que o reverso não é muito melhor...
É que este ..... este ..... nem eu sei pronunciar...
Hoje no Working Group de Logística, um chinês, adepto do Tottenham, dizia-me:
"Licaldo Locha played vely well this weekend."
E eu por mim tudo bem.
PS: Claro que o mesmo senhor, quando me conheceu a mim e ao Rapazote, imediatamente disse "Poltugal? Clistiano Lonaldo!!! Vely good!"
China Economic Review, hoje:
Regulatory
4 April 2007
The central government has ordered newspapers to eliminate the common practice of demanding money from people they cover after the recent killing of a newspaper employee. In January, Lan Chengzhang was beaten to death after he tried to extort money from a mine owner by threatening to publicize his illegal operation, AP reported. The government said newspapers also must make sure that only properly accredited reporters are allowed to conduct news gathering.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
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