Em Xangai

(uma das frases mais assustadoras que ouvi na China).

Eu já andava a temer este momento há uns dias. Especialmente porque a dita carta não estava selada.

(Há várias histórias sobre os Correios pouco abonatórias e nem é preciso ir a países rebuscados. Tenho um livro do Chuck Palahniuk (o autor do Fight Club) em que ele conta uma história inacreditável sobre os correios em Chicago que até mete cartas queimadas debaixo da ponte... Puxando a brasa à minha sardinha, os CTT estão bastante bem cotados neste meio.)

Ora a imagem do trabalhador dos Correios pelo mundo inteiro é, no melhor dos casos, o de alguém de confiança e, no pior dos casos, o tipo que desvia o dinheiro das pensões. Não é nunca a do tipo que fala línguas...

Rapidamente:

1. Filas? Mei you... Nem as senhas que custumam existir nos Bancos... É um faroeste, um vê se te avias... Tive de pisar uma velhinha, atirar um tipo de bengalas ao chão e tirar o chupa a uma criança, mas lá fui atendido.

2. Queres o quê? Airmail? Wo bu zhidao... E explicar-lhes que a carta para Inglaterra era para seguir via Airmail? Depois de ter imitado um avião, dito a palavra chinesa para aeroporto e terem chamado mais 3 tipos, rendi-me e liguei à Tina para falar com eles.

3. Selos? Cola-os tu! Aí tive de me fazer de desentendido. Quê? Que é que são estas coisas? É suposto eu fazer alguma coisa? O tipo passados 2 minutos lá percebeu que corria o risco de passar a tarde comigo lá e saiu de trás do balcão, dirigiu-se a umas mesas a um canto, sacou de um pincel género Trabalhos Manuais do 5º ano e meteu-o num boião de cola branca que não parecia ter fundo. Besuntou o envelope com aquilo, afogou os selos em cola e olhando-me com um ar de pena, colocou a carta para expedição.

Ou Zhe Rong 1 - Funcionário Público Chinês 0